Se você sofre ou já sofreu com a presença de corrimentos vaginais ou outros sintomas ginecológicos, é provável que você já tenha ouvido falar em Lactobacillus, Gardnerella ou Candida, por exemplo. Esses são alguns exemplos de bactérias e fungos que podem estar presentes no canal vaginal e que podem estar protegendo ou causando sintomas e condições ginecológicas importantes.
Por Mirella Scariot
Cientista de Alimentos, Dra em Ciência dos Alimentos pela UFSC e Analista de Produtos na BiomeHub.
Neste postblog será abordado:
O que é a Microbiota Vaginal?
O conjunto de microrganismos que habitam o canal vaginal representa a Microbiota Vaginal, um ecossistema dinâmico e complexo e que tem papel fundamental na saúde íntima feminina.
Esses microrganismos constituem a principal linha de defesa contra a colonização de microrganismos patogênicos oportunistas e são importantes para a manutenção da saúde da mulher. Portanto, dependendo do equilíbrio da microbiota vaginal, esses microrganismos podem proteger ou causar sintomas e condições indesejáveis.
Qual a importância da Microbiota Vaginal?
Você sabia que diferentes microrganismos podem ser responsáveis pelos mesmos sintomas ginecológicos? E que nem sempre a mesma conduta clínica será eficiente para todos os microrganismos? Esse pode ser o motivo das suas infecções de recorrência, por exemplo.
Identificar de maneira precisa a composição da microbiota vaginal e a estabilidade desse ambiente é imprescindível para uma conduta clínica assertiva e precisa.
O microbioma vaginal exerce um papel importante na manutenção da saúde do trato vaginal e o conhecimento sobre a microbiota vaginal e como esta influencia a saúde feminina é importante para reduzir os casos de infecções ginecológicas. Logo, conhecendo a microbiota há mais chances para prevenção e autocuidado.
O equilíbrio dos microrganismos na região vaginal é de suma importância para o não desenvolvimento de enfermidades. Podemos destacar como fatores que estão associados ao desequilíbrio da microbiota vaginal, como:
Menopausa,
Cirurgias,
Distúrbios imunitários,
Quimioterapia,
Número elevado de parceiros sexuais,
Utilização de DIU,
Uso de espermicidas,
Antibióticos de largo espectro,
Maus hábitos de higiene,
Hábito de ducha vaginal,
Falha imunológica na região vaginal.
Leia também: Por que o microbioma vaginal é tão importante?
Quais são os principais microrganismos da Microbiota Vaginal?
Sabendo disso, é importante que você conheça um pouco mais sobre as principais bactérias, fungos e protozoários que podem estar presentes na microbiota vaginal. Preparamos um compilado de informações com as principais características e qual a relação desses microrganismos com a saúde íntima feminina.
Atopobium vaginae
É uma bactéria anaeróbia patobionte e quando presente em altas proporções pode estar associada à Vaginose Bacteriana. Também tem associação com a progressão do câncer cervical, HPV e Infertilidade.
BVAB1 (Bacterial vaginosis-associated bacterium)
Candida albicans
Candida krusei
Chlamydia trachomatis
Dialister micraerophilus
Finegoldia magna
Gardnerella vaginalis
Lactobacillus crispatus
Lactobacillus gasseri
Lactobacillus jensenii
Lactobacillus iners
Mycoplasma hominis
Prevotella
Streptococcus agalactiae:
Trichomonas vaginalis
Ureaplasma
BIOfeme e a composição da microbiota vaginal
Visto que as alterações na microbiota vaginal podem estar envolvidas em inúmeras patologias e influenciar de forma significativa a saúde feminina, você percebe a importância de acompanhar e entender a composição da microbiota vaginal e garantir o seu equilíbrio?
O conhecimento sobre a composição da microbiota vaginal, através de exames como o BIOfeme, é peça-chave para a detectar estados de desequilíbrio microbiológico, que podem afetar drasticamente a saúde e qualidade de vida das mulheres.
Através do BIOfeme é possível conhecer toda a composição de bactérias e fungos presente na microbiota vaginal da paciente, além da proporção relativa desses microrganismos, uma informação extremamente relevante e primordial para a conduta clínica. Além disso, com o BIOfeme, é possível entender exatamente o tipo de desequilíbrio que a microbiota está sofrendo e desta forma, ter uma conduta muito precisa e direcionada.
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