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IST e microbiota vaginal: tem relação?

Estudos têm evidenciado o quanto a microbiota vaginal pode influenciar a patogênese das Infecções Sexualmente Transmissíveis ou IST.


mulher segurando preservativos

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) podem ser definidas por infecções causadas por microrganismos como bactérias, vírus ou parasitas através do contato sexual sem o uso de preservativos com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST ainda pode acontecer da mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou a amamentação.


Estima-se que ocorram 374 milhões de novas IST em todo o mundo a cada ano. No Brasil, dados revelam um aumento significativo e preocupante na incidência de IST, especialmente entre adolescentes.


De acordo com o Ministério da Saúde, de 2011 a 2021 os casos de Sífilis, por exemplo, aumentaram 800%. Entre jovens de 15 a 19 anos, esse índice foi ainda maior, contabilizando um aumento de 1.109% nos casos, com predomínio de mulheres.


Existem mais de 30 IST conhecidas, mas as mais comuns são:


  • Herpes genital

  • Cancro mole (cancroide)

  • HPV

  • Doença Inflamatória Pélvica (DIP)

  • Donovanose

  • Gonorreia e infecção por Clamídia

  • Linfogranuloma venéreo (LGV)

  • Sífilis

  • Infecção pelo HTLV

  • Tricomoníase


Os tratamentos das IST conferem além da melhora na qualidade de vida, a paralisação do ciclo de transmissão das infecções. Se você é sexualmente ativo, é importante estar atento à sua saúde íntima. Além disso, é imprescindível que comunique seus parceiros em casos de diagnóstico de IST. Consulte regularmente seu médico e mantenha os exames em dia!



Principais sintomas de IST

De maneira geral, as IST podem se manifestar por meio de corrimentos, verrugas, lesões na mucosa e desconfortos gerais, como dor pélvica, ardência ao urinar e prurido. No entanto, uma grande parte das IST podem ser assintomáticas, ou seja, o paciente infectado não apresenta nenhum sintoma clínico.


O diagnóstico de IST pode ser um grande desafio, uma vez que alguns sintomas são muito característicos de outras condições mais comuns, como Candidíase e Vaginose bacteriana ou no caso, de assintomáticos, nem suspeitar a IST, dificultando o diagnóstico e por consequência, o tratamento adequado.


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Disbiose vaginal e IST

O microbioma vaginal é formado por uma comunidade dinâmica e complexa de microrganismos, os quais constituem a principal linha de defesa contra a colonização de patógenos oportunistas e são fundamentais para a manutenção da saúde da mulher. Uma microbiota dita ideal é aquela dominada por espécies do gênero Lactobacillus, sendo as principais espécies L. crispatus, L. jensenii, L. gasseri e L. iners.


representação de microbiota vaginal em desequilíbrio

A microbiota vaginal em desequilíbrio resulta em um ambiente instável e suscetível a diversos distúrbios inflamatórios e infecciosos, podendo ser um fator de risco para complicações ginecológicas e obstétricas.


Diversos estudos têm demonstrado a relação do desequilíbrio da microbiota vaginal com o risco de aquisição e transmissão de IST e também têm evidenciado o quanto a microbiota vaginal pode influenciar a patogênese das IST.



Confira os principais achados da comunidade científica sobre a relação da microbiota vaginal e as IST:

  1. A disbiose vaginal pode ser transmitida sexualmente (Waltmann et al., 2023).


2. Um microbioma vaginal em desequilíbrio, além do seu efeito psicossocial significativo, é um importante fator de risco para a aquisição de IST e resultados adversos ginecológicos e obstétricos (Bilardi et al., 2013; Lewis et al., 2017).


3. O risco de aquisição e transmissão de IST aumenta com o aumento da diversidade da microbiota vaginal e é mais baixo nas comunidades dominadas por Lactobacillus, especialmente L. crispatus (Lewis et al., 2017).


4. Níveis mais elevados de ácido láctico têm sido fortemente associados à saúde vaginal, e a produção de ácido láctico é conservada em microbiotas dominadas por Lactobacillus. Os isômeros de ácido láctico (D,L-lactato) podem ter funções diferentes e sua proporção pode influenciar a expressão dos genes do hospedeiro e a resposta imune. Portanto, a produção de lactato está diretamente associada com o maior ou menor risco de aquisição e transmissão de IST (Witkin S.S. et al., 2013).


5. Os microrganismos aeróbicos facultativos na microbiota vaginal são considerados agentes potencialmente causadores da Doença Inflamatória Pélvica (Menezes M.L.B. et al., 2020; Sharma H. et al., 2014).


6. Um microbioma vaginal dominado por Lactobacillus iners (microbioma vaginal Tipo III) é mais suscetível à infecção por Chlamydia trachomatis (Edwards et al., 2019; Molenaar M.C. et al., 2018), bactéria que causa a Clamídia.


7. Em um estudo realizado em mulheres com Gonorreia nas formas sintomática e assintomática, foi observado que mulheres assintomáticas possuíam uma microbiota vaginal dominada por Lactobacillus. Enquanto mulheres sintomáticas possuíam uma microbiota vaginal mais diversa e associada à Vaginose bacteriana. Ainda, foi observado que Lactobacillus iners (microbioma do tipo III) foi a espécie dominante na microbiota vaginal nas mulheres assintomáticas (Lovett A. et al., 2022).


8. Há evidências que associam a disbiose vaginal ao aumento do risco de aquisição e transmissão do HIV-1 (Dong B. et al., 2022).


9. A microbiota cervicovaginal pode alterar a sintomatologia das IST, principalmente a presença de corrimento vaginal e desconforto ou, no caso do HPV, persistência viral ou desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas no trato genital (Waltmann et al., 2023).





Portanto, tem ficado evidente que a microbiota vaginal em desequilíbrio pode potencializar tanto o risco de aquisição e transmissão quanto a resposta inflamatória no contexto de uma IST.


Leia mais sobre a disbiose vaginal aqui: Sabia que existe também a disbiose vaginal?


O conhecimento sobre a composição da microbiota vaginal, através de exames como o BIOfeme, é peça-chave para a detectar estados de desequilíbrio microbiológico, que podem afetar drasticamente a saúde e qualidade de vida das mulheres.



Referências:


Lewis FMT, Bernstein KT, Aral SO. Vaginal Microbiome and Its Relationship to Behavior, Sexual Health, and Sexually Transmitted Diseases. Obstet Gynecol. 2017 Apr;129(4):643-654.


Waltmann, Andreeaa,b; Thomas, Cynthiac; Duncan, Joseph A.a,b,d,e. The role of the genital microbiota in the acquisition and pathogenesis of sexually transmitted infections. Current Opinion in Infectious Diseases 36(1):p 35-48, February 2023.


Brotman RM. Vaginal microbiome and sexually transmitted infections: an epidemiologic perspective. J Clin Invest 2011; 121:4610–7.


Witkin SS, Mendes-Soares H, Linhares IM, Jayaram A, Ledger WJ, Forney LJ. Influence of vaginal bacteria and D- and L-lactic acid isomers on vaginal extracellular matrix metalloproteinase inducer: implications for protection against upper genital tract infections. MBio 2013 6 ago.;4.


Dong B, Huang Y, Cai H, et al. Prevotella as the hub of the cervicovaginal microbiota affects the occurrence of persistent human papillomavirus infection and cervical lesions in women of childbearing age via host nf-kappab/cmyc. J Med Virol 2022; 94:5519–5534.


Lin D, Kouzy R, Abi Jaoude J, et al. Microbiome factors in hpv-driven carcinogenesis and cancers. PLoS Pathog 2020; 16:e1008524.


Lovett A, Seña AC, Macintyre AN, Sempowski GD, Duncan JA, Waltmann A. Cervicovaginal Microbiota Predicts Neisseria gonorrhoeae Clinical Presentation. Frontiers in Microbiology. 2022;12.


Edwards VL, Smith SB, McComb EJ, et al. The Cervicovaginal Microbiota-Host Interaction ModulatesChlamydia trachomatisInfection. Clemente JC, ed. mBio. 2019;10(4).


Molenaar MC, Singer M, Ouburg S. The two-sided role of the vaginal microbiome in Chlamydia trachomatis and Mycoplasma genitalium pathogenesis. Journal of Reproductive Immunology. 2018;130:11–17.


Menezes MLB, Giraldo PC, Linhares IM, Boldrini NAT, Aragon MG. Brazilian Protocol for Sexually Transmitted infections, 2020: pelvic inflammatory disease. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2021;54(suppl 1).


Sharma H, Tal R, Clark N, Segars J. Microbiota and Pelvic Inflammatory Disease. Seminars in Reproductive Medicine. 2014;32(01):043–049.


Bilardi JE, Walker S, Temple-Smith M, McNair R, Mooney-Somers J, Bellhouse C, et al. The burden of bacterial vaginosis: women’s experience of the physical, emotional, sexual and social impact of living with recurrent bacterial vaginosis. PLoS One 2013;8:e74378.


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