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Medicamentos: como são desenvolvidos e qual a relação com o microbioma intestinal?

Nos últimos dois séculos, inovações na medicina vem contribuindo para a melhoria do tratamento e o controle de doenças que antigamente levavam ao óbito ou resultavam em significativa diminuição na qualidade de vida. Um exemplo é o desenvolvimento das vacinas, o que permitiu a erradicação ou redução de enfermidades que matavam muitas pessoas.


Hoje em dia, a ciência evoluiu e segue em busca de tratamentos mais direcionados e efetivos, com menos efeitos colaterais, para curar ou prolongar a vida de milhares de pessoas. Nesse sentido, pesquisas clínicas que objetivem o desenvolvimento e registro de novos medicamentos, dispositivos, e procedimentos médicos é essencial para que novas e melhores alternativas terapêuticas estejam disponíveis para a população.


Mas como um medicamento é descoberto e desenvolvido até ser disponibilizado para a população?

Nesse blog vamos aprofundar nosso conhecimento no processo de investigação científica para o desenvolvimento de novos medicamentos.



O que são medicamentos e como são desenvolvidos?


Medicamentos são produtos especiais elaborados para diagnosticar, prevenir, curar doenças ou aliviar sintomas, produzidos com rigoroso controle técnico para atender às especificações e normas de vigilância sanitária. No Brasil, a Anvisa é a responsável por regulamentar, controlar e fiscalizar medicamentos, suas substâncias ativas e demais insumos, processos e tecnologias.


O desenvolvimento de novos medicamentos ocorre por uma extensa investigação científica, que começa com pesquisas básicas para identificar compostos e moléculas promissoras para o tratamento de uma doença, passa por estudos in vitro (fora de um organismo vivo e envolve normalmente células, tecidos ou órgãos isolados) e em animais (estudos não clínicos), e por fim em seres humanos, para que depois possam ser produzidos, registrados e comercializados.


Regulamentações e processos específicos de estudos para o desenvolvimento de novos medicamentos visam garantir a segurança do novo tratamento para os seres humanos. Além disso, há etapas posteriores de monitoramento pós-lançamento do medicamento, para manter a vigilância sobre seus efeitos.

As pesquisas clínicas para o desenvolvimento e registro de medicamentos, chamadas de ensaios clínicos, buscam avaliar a eficácia, segurança e qualidade do medicamento. Antes de serem iniciados, devem ser autorizados pela Anvisa e aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e/ou pelos Comitês de Ética em Pesquisas (CEPs),


Os ensaios clínicos podem ser classificados basicamente em quatro fases (I, II, III e IV), de acordo com a quantidade de participantes e os objetivos específicos de cada etapa.


  • Estudos de fase I

É o primeiro passo no desenvolvimento de um medicamento. Objetivam entender se o medicamento é bem tolerado em um pequeno número de pessoas (20 a 100 pessoas), voluntários geralmente saudáveis. Nessa fase são avaliadas diferentes opções de dosagem e a segurança do novo tratamento. Esses estudos podem durar de semanas a alguns meses.


  • Estudos de fase II

São projetados para avaliar se um medicamento possui eficácia terapêutica, em um grupo limitado de voluntários (25 a 1000 pessoas) com a doença ou condição em estudo, selecionados segundo critérios rigorosos. Nessa fase são determinados a dose e o regime terapêutico que alcancem os melhores benefícios com o menor conjunto de reações adversas. Esses estudos podem durar de alguns meses a dois anos.


  • Estudos de fase III

São estudos relativamente maiores (200 a 10000 pessoas) para confirmar a eficácia e a segurança de um novo tratamento. Esses ensaios objetivam demonstrar o benefício terapêutico de forma comparativa a terapias já utilizadas ou a um placebo, que é uma formulação sem efeito farmacológico, ou seja, que não contém ingredientes ativos que atuarão diretamente na doença. Esses estudos podem durar de 1 a 4 anos.


  • Estudos de fase IV

Esses estudos são realizados após a aprovação do medicamento pela agência regulatória e introdução no mercado. São estudos de grande porte (milhares de pessoas), delineados para confirmar os benefícios, avaliar interações medicamentosas, incidência de efeitos adversos adicionais quando utilizado em uma população maior, ou avaliar outros usos terapêuticos do medicamento. Esses estudos podem durar vários anos.


Lembrando que um estudo em qualquer uma das fases deve seguir as etapas descritas no nosso postblog “Microbioma e saúde: qual o papel das pesquisas clínicas?



Mas qual a relação entre o desenvolvimento de medicamentos e o microbioma intestinal?


Sabe-se que os medicamentos podem remodelar as comunidades de microrganismos intestinais e, vice-versa, e que os diversos micróbios intestinais podem afetar a eficácia dos medicamentos, já que alguns medicamentos podem ser metabolizados por componentes do microbioma. Além disso, o metabolismo de drogas pela microbiota intestinal pode transformar as drogas em várias outras substâncias, que podem contribuir tanto para os benefícios terapêuticos quanto para os efeitos colaterais.

Assim, explorar as interações entre o microbioma e as drogas terapêuticas pode levar à identificação de novos alvos terapêuticos, além de melhorias nas modalidades de tratamento atuais, contribuindo para uma medicina personalizada e de precisão.

Ainda, alguns estudos na área mostram que a manipulação do microbioma é capaz de influenciar estados patológicos. Assim, diversos estudos buscam desenvolver medicamentos que possam agir em componentes do microbioma e serem mais específicos e eficazes, como, por exemplo, os medicamentos probióticos. Esses são medicamentos que contém microrganismos vivos, ou inativados, e que têm a função de prevenir ou tratar doenças humanas por interação com a microbiota ou com outros componentes do sistema gastrointestinal. Atualmente existem diversos estudos avaliando o uso de medicamentos probióticos, e a sua influência no microbioma, em inúmeras doenças.


Devido à importância de se compreender as relações entre os medicamentos e o microbioma, são diversas as possibilidades de estudos para o desenvolvimento de novos medicamentos envolvendo análises do microbioma humano, e aqui na BiomeHub possuímos infraestrutura laboratorial, equipe técnica especializada e uma rede de instituições de pesquisa e de saúde, que permitem a realização desses estudos.


Quer saber mais? Entre em contato conosco!


Fontes:


INTERFARMA. A importância da Pesquisa Clínica para o Brasil. São Paulo, dez. 2021.


JUAREZ, V. M., et al. Microbiome as an immune regulator in health, disease, and therapeutics, 2022. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35718251/


LEI Nº 9.782, DE 26 DE JANEIRO DE 1999.


RDC Nº 17, DE 16 DE ABRIL DE 2010.


RDC Nº 323, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2003.


STEPHEN, B. H., et al. Delineando a pesquisa Clínica: uma abordagem epidemiológica. 3ª edição. Artmed. 384p.


WAN, Y., ZUO, T. Interplays between drugs and the gut microbiome, 2022.


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