Como cuidar da saúde vaginal na menopausa?
- Mirella Scariot
- 20 de mai.
- 3 min de leitura
A menopausa é um processo natural que ocorre na vida de todas as mulheres. No entanto, muitas enfrentam sintomas desconfortáveis desencadeados por essa fase. Pesquisas apontam que a microbiota vaginal pode exercer um papel importante durante esse período, influenciando a saúde íntima e o bem-estar geral.

Por Mirella Scariot
Cientista de Alimentos, Dra em Ciência dos Alimentos pela UFSC e Product Owner na BiomeHub.
Neste postblog será abordado:

Qual o impacto da menopausa na microbiota vaginal?
Durante a menopausa, a queda nos níveis de estrogênio provoca mudanças significativas no ambiente vaginal:
Diminuição do glicogênio: o estrogênio é responsável por estimular a liberação de glicogênio, que serve de alimento para os Lactobacillus, bactérias protetoras da microbiota vaginal. Com menos glicogênio disponível, a proporção de Lactobacillus diminui.
Proliferação de microrganismos patobiontes: a redução dos Lactobacillus favorece o crescimento de anaeróbios patobiontes, como Gardnerella, Prevotella, Anaerococcus, Peptoniphilus e Peptostreptococcus, além de bactérias entéricas e cutâneas, como Escherichia, Enterococcus e Staphylococcus.
Alterações na mucosa vaginal: a parede vaginal se torna mais fina, menos elástica e mais suscetível a irritações e infecções, como vaginose bacteriana, candidíase e infecções do trato urinário.
Essas alterações podem levar a sintomas como secura vaginal, coceira e ardência, mudanças na secreção e odor e infecções recorrentes.
Como conhecer a microbiota vaginal pode fazer a diferença?
Estudos demonstram que a microbiota vaginal na pós-menopausa (sem reposição hormonal) é caracterizada por uma redução de espécies de Lactobacillus e alta diversidade microbiana.

No entanto, ao contrário da Vaginose bacteriara, que é caracterizada pelo supercrescimento de bactérias anaeróbias patobiontes, nas mulheres em pós-menopausa esses microrganismos aparecem em baixas proporções.
A terapia de reposição hormonal é atualmente a abordagem mais eficaz para tratar os sintomas da menopausa, incluindo as alterações na microbiota vaginal. Porém, essa estratégia não é adequada para todas as mulheres. Em substituição, estratégias não hormonais, como mudanças no estilo de vida, dieta, uso de hidratantes e lubrificantes e terapias comportamentais têm sido propostas. Outras pesquisas têm sugerido que o uso de probióticos pode melhorar a qualidade da microbiota vaginal e aliviar os desconfortos causados pela menopausa.
Compreender o perfil da microbiota vaginal pode ajudar os profissionais de saúde a oferecer tratamentos mais precisos e eficazes. Ferramentas como o exame BIOfeme permitem identificar e caracterizar o microbioma vaginal, direcionando terapias personalizadas para restaurar o equilíbrio vaginal.
A menopausa é uma fase desafiadora, mas entender e cuidar da microbiota vaginal pode minimizar os desconfortos e melhorar a qualidade de vida. Seja por meio de tratamentos hormonais, probióticos ou mudanças no estilo de vida, existem estratégias que podem ajudar você a passar por essa fase com mais saúde e bem-estar.
Se você está enfrentando desconfortos vaginais, procure orientação médica e considere exames especializados para entender melhor a saúde da sua microbiota vaginal.
Referências:
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