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O perfil da microbiota bacteriana nas Doenças Inflamatórias Intestinais

As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são distúrbios crônicos, multifatoriais, caracterizadas pela inflamação de forma recorrente do trato gastrointestinal.


garota com dor intestinal

As DII abrangem duas principais doenças: Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU). No postblog O que é a Doença Inflamatória Intestinal explicamos as diferenças entre esses dois fenótipos, abordamos sobre a patogênese dessas doenças, bem como os seus sintomas mais característicos, descrevemos sobre o tratamento, e também iniciamos a explicação da relação da microbiota intestinal com as DII e a importância desses microrganismos na manutenção da homeostase intestinal.


Aqui, vamos aprofundar nosso conhecimento, e entender sobre o perfil bacteriano que já está caracterizado para esses dois fenótipos clínicos: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Mas antes, vamos entender como é a microbiota intestinal de pacientes saudáveis.



Microbiota intestinal de pacientes saudáveis

Em uma microbiota considerada ideal espera-se encontrar uma alfa diversidade bacteriana elevada, que é medida a partir de um índice de diversidade. Na BiomeHub utilizamos o índice de Shannon, que indica a variedade e a abundância das bactérias. Em adultos, uma microbiota intestinal diversa é considerada saudável e mais resiliente.


Aproximadamente 90% da microbiota bacteriana é composta por dois principais filos: o Firmicutes e o Bacteroidetes. Além desses, outros dois filos são bem estudados, possuindo espécies bacterianas importantes: o filo Actinobacteria, com um destaque para os organismos pertencentes à família Bifidobacteriaceae, e o filo Proteobacteria, com atenção especial para a família Enterobacteriaceae, contendo muitos representantes considerados patobiontes, organismos capazes de promover algum dano quando em condições genéticas ou ambientais específicas).


💡Se você quiser saber mais sobre unidades taxonômicas usadas na classificação científica dos seres vivos vale a pena conferir esse post aqui: O perfil da microbiota bacteriana na Síndrome do Intestino Irritável.



A grande maioria dos estudos publicados a respeito dos padrões ideais do microbioma intestinal humano foram baseados na caracterização do gene 16S rRNA - o mesmo gene que avaliamos no exame PRObiome, aqui da BiomeHub.


Algumas bactérias da microbiota intestinal têm funções importantes no organismo e são consideradas marcadoras de saúde.

As bactérias marcadoras de saúde intestinal são chamadas assim pois protegem nosso organismo em relação aos diversos distúrbios gastrointestinais, têm propriedades anti-inflamatórias, auxiliam no processo de digestão de carboidratos complexos, auxiliam na manutenção da integridade da barreira intestinal e estimulam o sistema imune e defesa contra patógenos.


Podemos destacar 5 principais bactérias consideradas marcadoras de saúde, de acordo com a literatura científica, são elas:

  • Faecalibacterium prausnitzii

  • Bifidobacterium spp.

  • Akkermansia muciniphila

  • Roseburia spp.

  • Eubacterium rectale


Atualmente sabe-se que pacientes com DII podem apresentar alterações significativas na microbiota intestinal, além da ausência ou diminuição de bactérias marcadoras de saúde. A disbiose observada nesses casos é caracterizada por uma redução na diversidade, na abundância de bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta, e pelo aumento de bactérias inflamatórias.


Para entender mais sobre disbiose, leia o post O que é a disbiose intestinal?.



Composição bacteriana da microbiota intestinal na DII


A microbiota intestinal de pacientes com DC e RCU apresenta estado de disbiose intestinal, com as seguintes características:

  • Diminuição do índice de diversidade, principalmente devido à diminuição de bactérias do filo Firmicutes. Em pacientes com DC destaca-se em especial a diminuição de Faecalibacterium prausnitzii);

  • Alta variabilidade ao longo do tempo e distribuição espacial com alta concentração de bactérias aderentes à mucosa, com o aumento do filo Proteobacteria. É observado uma maior abundância de Escherichia coli Aderente-Invasiva (AIEC) em pacientes com RCU e aproximadamente um terço dos pacientes com DC apresentam maior abundância dessa espécie.

  • Aumento na abundância da família Fusobacteriaceae do filo Fusobacteria. Estudos demonstram um papel importante das bactérias dessa família na indução e progressão da inflamação intestinal crônica em indivíduos geneticamente susceptíveis. Em especial, as espécies do gênero Fusobacterium podem estar presentes em alta abundância e o grau de habilidade de invasão dessas bactérias se correlaciona diretamente com a severidade dessas doenças.

  • Também pode-se encontrar um aumento na abundância de Bacteroides ovatus, Bacteroides fragilis e Bacteroides vulgatus (filo Bacteroidetes).


Além disso, a exposição recorrente a antibióticos e medicamentos, o estágio da doença (ativo ou em remissão), além da própria inflamação intestinal, são fatores que podem interferir na diversidade e composição do microbioma de pacientes diagnosticados com DII.


exemplos de perfis taxonômicos com características descritas para as DII
Imagem 1

Na imagem 1 estão representados exemplos de perfis taxonômicos com características descritas para as DII, é possível observar que mesmo existindo uma grande variação entre cada perfil, identifica-se as alterações que descrevemos.




PRObiome como apoio ao diagnóstico clínico


Com o exame de microbioma intestinal PRObiome, o paciente saberá qual é o índice de alfa diversidade da sua microbiota, a classificação da microbiota quanto ao seu enterotipo, e também a abundância dos filos Firmicutes, Bacteroidetes e Proteobacteria, além de outras taxonomias relevantes para os pacientes com DC e RCU.


Também apresentamos de forma destacada a abundância das bactérias marcadoras de saúde e as bactérias mais abundantes presentes na amostra, bem como suas funções na microbiota, de acordo com dados disponíveis na literatura científica. Todas essas informações podem auxiliar o profissional na sua tomada de decisão.


As alterações na microbiota intestinal podem auxiliar na triagem dos pacientes, pois se correlacionam com os sintomas das DII, porém não substituem o diagnóstico clínico. O PRObiome também pode auxiliar no acompanhamento da microbiota intestinal frente a conduta terapêutica e estratégias nutricionais propostas ao paciente.



Guia nutricional de modulação da microbiota intestinal


Para auxiliar o profissional de saúde na modulação da microbiota intestinal, nós fornecemos o “Guia nutricional de modulação da microbiota intestinal”, baseado em artigos científicos e com indicação do nível de evidência, para auxiliar na elaboração de estratégias que permitam:

  • Aumentar a alfa diversidade.

  • Equilibrar a proporção dos filos Firmicutes e Bacteroidetes.

  • Diminuir bactérias com perfil pró-inflamatório.

  • Aumentar bactérias marcadoras de saúde intestinal - Faecalibacterium prausnitzii, Roseburia, Eubacterium rectale, Akkermansia muciniphila.


Clique aqui e solicite agora mesmo seu PRObiome e leve essa inovação para a prática clínica!


Busque ajuda de um profissional qualificado para acompanhar você nesta jornada. Caso você não conheça nenhum profissional que trabalhe com essa abordagem, você pode entrar em contato conosco que lhe indicaremos alguns profissionais parceiros perto de você - fale conosco.



Fontes:


BINDA, C., et al. Actinobacteria: A relevant minority for the maintenance of gut homeostasis, 2018. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29567414/


GEERLINGS, S. Y., et al. Akkermansia muciniphila in the Human Gastrointestinal Tract: When, Where, and How?, 2018. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30041463/


Human Microbiome Project Consortium. Structure, function and diversity of the healthy human microbiome, 2012. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22699609/


JERNBERG, C. et al. Long-term impacts of antibiotic exposure on the human intestinal microbiota, 2010. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20705661/


LLOYD-PRICE, J., et al. Multi-omics of the gut microbial ecosystem in inflammatory bowel diseases, 2019. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31142855/


RAJCA, S., et al. Alterations in the intestinal microbiome (dysbiosis) as a predictor of relapse after infliximab withdrawal in Crohn's disease, 2014.


SANKARASUBRAMANIAN, J., et al. Gut Microbiota and Metabolic Specificity in Ulcerative Colitis and Crohn’s Disease, 2020. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33330572/


SHIN, N. R., et al. Proteobacteria: microbial signature of dysbiosis in gut microbiota, 2015.


TORRES, J., et al. Crohn's disease, 2017. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27914655/


VILA, V. A., et al. Gut microbiota composition and functional changes in inflammatory bowel disease and irritable bowel syndrome, 2018.


WANG, H. B., et al. Butyrate Enhances Intestinal Epithelial Barrier Function via Up-Regulation of Tight Junction Protein Claudin-1 Transcription, 2012.


ZUO, T., et al. The Gut Microbiota in the Pathogenesis and Therapeutics of Inflammatory Bowel Disease, 2018. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30319571/


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