HPV: tipos, mecanismos e transmissão
- Michele Patrícia Rode
- 21 de jul.
- 4 min de leitura
Saiba como o HPV é transmitido, quais tipos causam câncer do colo do útero e por que a detecção precoce é importante.

Por Michele Rode
Farmacêutica, Doutora em Farmácia pela UFSC e Product Manager na BiomeHub.
Neste postblog será abordado:

O que é HPV e por que sua detecção precoce é importante?
O Papilomavírus Humano (HPV) é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns em todo o mundo e a principal causa do câncer do colo do útero (câncer cervical). Quase todas as pessoas sexualmente ativas serão infectadas em algum momento da vida.
Apesar de sua alta prevalência, muitas pessoas ainda desconhecem os tipos de HPV, como ele é transmitido e quais infecções podem evoluir para quadros mais graves. A boa notícia é que a maioria das infecções são transitórias, e a detecção precoce permite o tratamento adequado antes do desenvolvimento do câncer.
Existem mais de 200 genótipos (variante genética específica do vírus) de HPV. Os tipos que infectam o trato anogenital são divididos em dois grupos com base no seu potencial oncogênico (capacidade de causar câncer):
HPV de Alto Risco oncogênico: são tipos com alta capacidade de causar lesões precursoras e câncer. Incluem HPV 16, 18, ,26, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 53, 52, 56, 58, 59, 66, 68, 73 e 82.
Os tipos HPV 16 e 18 são os mais importantes, sendo responsáveis por aproximadamente 77% dos casos de câncer do colo do útero. O HPV 16 é o tipo predominante e causa cerca de 60% dos cânceres de alto grau. Enquanto o HPV 18, embora menos prevalente, está fortemente associado a adenocarcinomas do colo do útero.
Outros tipos, como HPV 31, 33, 45, 52 e 58, representam um risco intermediário para o desenvolvimento de lesões precursoras de alto grau.
Alguns tipos são considerados como provavelmente oncogênicos de alto risco como 26, 53 e 66.
HPV de Baixo Risco oncogênico: são tipos que raramente causam câncer e estão associados principalmente a verrugas anogenitais (condiloma acuminado). Incluem HPV 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72 e 81.
Como ocorre a transmissão do HPV?

O HPV é transmitido por contato direto, principalmente contato sexual (penis-vagina, penis-ânus, oral-genital, contato digital e brinquedos sexuais).
As infecções por HPV se espalham rapidamente em indivíduos sexualmente ativos porque é altamente transmissível e, na maioria das vezes, assintomática.
A incidência da infecção aumenta após o início da vida sexual, com pico nos primeiros anos. Entretanto, a maioria das infecções em mulheres, especialmente adolescentes, tem resolução espontânea em até 24 meses.
Como o HPV causa o câncer cervical?
O desenvolvimento do câncer não ocorre imediatamente após a infecção. Geralmente há um período de 20 anos em média entre a infecção inicial por HPV de alto risco e o desenvolvimento do câncer. O desenvolvimento do câncer cervical é influenciado por diversos fatores como:
genótipo;
carga viral;
persistência do vírus;
estado imunológico da paciente;
tipo de microbiota vaginal;
tabagismo e imunodeficiências (incluindo infecção por HIV).
O HPV infecta principalmente células em proliferação da pele e mucosa. A zona de transformação do colo do útero, onde ocorre a substituição de um tipo de epitélio por outro, é especialmente vulnerável, pois tem uma grande quantidade de células-tronco epiteliais em proliferação.
A capacidade dos HPV de alto risco de causar câncer está relacionada à ação das oncoproteínas virais E6 e E7. Essas proteínas interferem no funcionamento normal das células do colo do útero, especialmente em mecanismos que controlam seu crescimento e morte.
Dessa forma, a infecção por HPV promove a proliferação descontrolada e inibe a diferenciação normal nas células do cólo do útero.
Com o tempo, essa desregulação facilita o acúmulo de mutações genéticas e pode levar ao surgimento de lesões conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC), que são classificadas conforme sua gravidade:
NIC1 (lesão de baixo grau- LSIL): indica infecção produtiva por HPV que geralmente regride espontaneamente.
NIC2 e NIC3 (lesões de alto grau - HSIL): indicam uma infecção persistente e maior potencial de progressão para câncer invasivo se não forem tratadas.
Qual o impacto da microbiota vaginal?
Uma microbiota vaginal ideal é dominada por Lactobacillus, bactérias benéficas que mantêm o pH vaginal adequado, produzem moléculas antimicrobianas e fortalecem o sistema imune, protegendo contra infecções. A microbiota vaginal desequilibrada aumenta a suscetibilidade a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), incluindo o HPV. Por exemplo, a Vaginose Bacteriana, um desequilíbrio comum da microbiota, está associada ao risco aumentado de infecções por HPV e de Neoplasia Intraepitelial Cervical.
A análise da microbiota vaginal pode fornecer informações importantes para um tratamento mais assertivo e individualizado. A análise da composição da microbiota vaginal e genotipagem do HPV podem ser feitas através do sequenciamento de DNA, como no exame BIOfeme Plus.
Ficou com alguma dúvida? Nossa equipe está aqui para ajudar! Entre em contato conosco e receba a ajuda que precisa.
Referências:
Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero: Parte I - Rastreamento organizado utilizando testes moleculares para detecção de DNA-HPV oncogênico. – Brasília : Ministério da Saúde, 2024.
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022.
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