Descubra a importância do microbioma da pele e como o equilíbrio entre bactérias benéficas e prejudiciais impacta a saúde cutânea.
Por Bianca Teixeira
Bióloga, Doutora em Ciências e Head de Projetos na BiomeHub.
Por Michelle Heck
Cientista de Alimentos, Doutora em Ciências dos Alimentos e Pesquisadora na BiomeHub.
Neste postblog será abordado:
A pele humana
A pele é o maior órgão do corpo humano e atua como uma barreira essencial entre o corpo e o ambiente externo. Estruturalmente, a pele é composta por três camadas:
Hipoderme: camada mais interna que armazena tecido adiposo (gordura) para proteção física e fornecimento de energia.
Derme: camada intermediária formada por fibras de colágeno, elastina, vasos sanguíneos, nervos e glândulas, cuja principal função é garantir a elasticidade e a resistência da pele.
Epiderme: camada mais externa composta por células chamadas queratinócitos, e estrato córneo (camada de células mortas). Sua função principal é conferir proteção física às demais camadas contra fatores externos, como bactérias patogênicas, produtos químicos e raios UV.
A pele é como um ecossistema único que tem seu próprio sistema imunológico. Esse sistema ajuda a regular as funções da pele, controla a presença de microrganismos prejudiciais e também lida com os microrganismos que vivem naturalmente na pele sem causar problemas.
Microbioma da pele
A pele humana abriga uma variedade de microrganismos, formando um microbioma abundante e diverso. Esse microbioma é composto por bactérias, vírus, fungos e protozoários, cuja relação é baseada em fatores físicos, que incluem pH, concentração de oxigênio, disponibilidade e competição de nutrientes, além de relações de cooperação e competição entre eles e com o hospedeiro.
Além disso, a composição da microbiota da pele pode variar de acordo com a região do corpo, oleosidade, pH, salinidade e conteúdo de umidade, envelhecimento e gênero. A microbiota da pele exerce um papel fundamental na saúde do corpo, incluindo:
Defesa contra patógenos;
Equilíbrio do sistema imunológico;
Manutenção da barreira cutânea.
Além disso, as bactérias da pele participam de processos importantes, como a produção de moléculas benéficas. Por exemplo, as bactérias podem converter proteínas da pele em aminoácidos, fermentar carboidratos em ácidos orgânicos, como o ácido lático, e decompor lipídios do sebo em ácidos graxos livres, que são essenciais para manter a pele saudável.
Principais bactérias da pele
Entre os principais componentes da microbiota da pele estão as bactérias. Considera-se que mais de 1000 espécies bacterianas habitem a pele humana e juntas possuem um número de genes que é cerca de 150 vezes maior do que o total de genes do genoma humano.
Graças às técnicas moleculares, como o sequenciamento de DNA de alto desempenho, é possível conhecer a diversidade da microbiota da pele.
Os principais microrganismos encontrados na microbiota da pele são: Staphylococcus, Cutibacterium, e Corynebacterium, sendo o Staphylococcus epidermidis uma das espécies mais frequentemente isoladas do epitélio humano.
Em nível de filo, predominam:
Actinobacteria (52%)
Firmicutes (24%)
Proteobacteria (17%)
Bacteroidetes (6%)
Essas bactérias desempenham funções cruciais, como impedir o crescimento de patógenos e metabolizar substâncias da pele. No entanto, desequilíbrios na microbiota da pele podem contribuir para doenças, como acne, dermatites e psoríase.
Bactérias benéficas x Bactérias patogênicas
Os microrganismos da pele podem ser classificados em dois grupos: residentes e transitórios.
Os microrganismos residentes são considerados benéficos para a saúde, pois ajudam a impedir o crescimento de microrganismos patogênicos ao metabolizar proteínas da pele, ácidos graxos livres e sebo.
Os microrganismos transitórios não se fixam de forma permanente na superfície da pele, sendo geralmente introduzidos por contaminação ambiental.
Ambos os grupos não são normalmente patogênicos, a menos que haja uma quebra na função de barreira da pele. Quando isso ocorre, pode-se desencadear uma disbiose, ou seja, um desequilíbrio na microbiota da pele, que pode contribuir para o surgimento de doenças de pele.
Um exemplo de doença de pele associada a desequilíbrios da microbiota cutânea é a acne. Apesar dessa ser uma condição multifatorial, estudos sugerem que quando há um crescimento excessivo da bactéria Cutibacterium acnes, pode ocorrer a inflamação na pele e desenvolvimento de acne.
Outros exemplos de condições que são associadas ao desequilíbrio da microbiota da pele são as dermatites, o eczema, e a psoríase.
O equilíbrio é a chave para a saúde da pele
O desequilíbrio na composição da microbiota da pele pode ser desencadeado por diversos fatores, incluindo predisposição genética, influências ambientais, estilo de vida e uso de antibióticos ou outros medicamentos. Quando o equilíbrio é perturbado, pode levar ao crescimento excessivo de microrganismos prejudiciais em detrimento dos benéficos, criando condições para inflamação e doenças de pele.
Nesse contexto, estudos na área de microbioma da pele são extremamente importantes, pois podem auxiliar no entendimento de como os microrganismos que vivem na pele influenciam a saúde, prevenindo ou contribuindo para condições como, por exemplo, acne, dermatite atópica e dermatite seborreica, eczema, psoríase e infecções.
Além disso, nos últimos anos, muitos estudos têm sido conduzidos para entender como diferentes fatores, como dieta, estilo de vida, uso de medicamentos e até mesmo de cosméticos, influenciam o microbioma da pele.
Esses estudos são fundamentais para o desenvolvimento de novas abordagens que visam manter a pele saudável a longo prazo, como produtos dermatológicos e cosméticos projetados para preservar o equilíbrio do microbioma da pele.
E aqui na BiomeHub possuímos infraestrutura laboratorial, equipe técnica especializada e uma rede de instituições de pesquisa e de saúde, que permitem a realização de estudos na área de microbioma de pele.
Ficou com alguma dúvida?
Nossa equipe está aqui para ajudar! Entre em contato conosco e receba a ajuda que precisa.
Referências:
Bouslimani A, Da Silva R, Kosciolek T, Janssen S, Callewaert C, Amir A, Dorrestein PC. The impact of skin care products on skin chemistry and microbiome dynamics. BMC biology, 2019;17:1-20. doi: 10.1186/s12915-019-0660-6
Byrd AL, Belkaid Y, Segre JA. The human skin microbiome. Nat Rev Microbiol. 2018;16(3):143-155. doi:10.1038/nrmicro.2017.157
Carvalho MJ, S Oliveira AL, Santos Pedrosa S, Pintado M, Pinto-Ribeiro I, Madureira AR. Skin Microbiota and the Cosmetic Industry. Microb Ecol. 2023;86(1):86-96. doi:10.1007/s00248-022-02070-0
Christensen GLM; Brüggemann H. Bacterial skin commensals and their role as host guardians. Beneficial microbes, 2014;5(2):201-215. doi: 10.3920/BM2012.0062
Nicholas-Haizelden K, Murphy B, Hoptroff M, Horsburgh MJ. Bioprospecting the Skin Microbiome: Advances in Therapeutics and Personal Care Products. Microorganisms. 2023;11(8):1899. Published 2023 Jul 27. doi:10.3390/microorganisms11081899