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Câncer cervical e o microbioma vaginal

Estudos mostram uma possível relação entre o microbioma vaginal, o vírus HPV, e o aparecimento de lesões cervicais e câncer cervical.




No Brasil, o câncer do colo do útero, ou câncer cervical, excluídos os tumores de pele não melanoma, é o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres, e o quarto em mortalidade por câncer em mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o ano de 2023 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa uma taxa de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres.


O câncer cervical é caracterizado pela replicação desordenada das células que revestem o colo uterino, comprometendo o tecido subjacente e podendo invadir estruturas e órgãos próximos ou distantes.

Esse tipo de câncer está associado à infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV -16 e o ​​HPV-18. A infecção genital por esse vírus é muito frequente (estima-se que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas) e na maioria das vezes não causa doença, porém, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para lesões precursoras ou câncer.




Mas existe relação entre o câncer cervical e o microbioma vaginal?


O microbioma vaginal, considerado um ecossistema dinâmico e complexo, desempenha papel relevante na saúde da mulher. Formado por mais de 250 espécies bacterianas, em geral lactobacilos, constitui a principal linha de defesa contra a colonização de patógenos oportunistas, através da produção de metabólitos antimicrobianos, regulação do sistema imune, e é fundamental para a manutenção do equilíbrio para um microambiente saudável.


Estudos mostram que o perfil do microbioma vaginal das mulheres difere com a idade, status socioeconômico, grupo étnico, uso de antibiótico, comportamento sexual, durante o ciclo menstrual, e com a fase da vida reprodutiva da mulher.


O desequilíbrio da microbiota vaginal, ou disbiose, pode ser um fator de risco para implicações ginecológicas e obstétricas, já que vem sendo associado a condições como doença inflamatória pélvica, aborto espontâneo, parto prematuro, endometrite e risco aumentado de aquisição e transmissão de infecções sexualmente transmissíveis

(ISTs).


Evidências crescentes mostram que a disbiose do trato genital, incluindo a depleção de Lactobacillus, e maior diversidade bacteriana, podem afetar a persistência da infecção pelo HPV e o desenvolvimento de lesões cervicais e câncer cervical. As espécies bacterianas associadas à infecção persistente por HPV incluem Gardnerella vaginalis, Megasphaera, Prevotella, Peptostreptococcus e Streptococcus.


A perda da predominância de Lactobacillus e aumento da diversidade microbiana podem levar a um ambiente inflamatório, através da produção de moléculas pró-inflamatórias, o que pode aumentar a proliferação de células malignas e a expressão dos oncogenes do HPV, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento do câncer.


É importante ressaltar que a maioria das pesquisas de microbioma vaginal em torno de cânceres causados ​​pelo HPV consiste em estudos dedicados a caracterizar perfis bacterianos de pacientes com essas doenças, fornecendo dados de associações úteis. Porém, estabelecer uma relação causal entre o microbioma, infecção por HPV e doença cervical ainda é desafiador, devido à complexa natureza interativa dos potenciais fatores causais do câncer.



Conhecendo sua microbiota vaginal


Como as alterações na microbiota vaginal podem estar envolvidas em determinadas patologias e influenciar de forma significativa o bem-estar, é aconselhável acompanhar e entender sua composição, buscando indicadores de manutenção da saúde.


O conhecimento sobre a composição da microbiota vaginal, através de exames como o BIOfeme, é peça-chave para a detectar estados de desequilíbrio microbiológico, que podem afetar drasticamente a saúde e qualidade de vida das mulheres; além de verificar a presença de Lactobacillus, que são consideradas bactérias marcadoras de saúde e identificar o tipo de microbioma vaginal.


Estudos de meta-análise e revisão sistemática mostram que os tipos de microbioma vaginal dominados por espécies de não-Lactobacillus (tipo IV) ou L. iners (Tipo III) estão associados a maior prevalência do HPV quando comparado com L. crispatus (tipo I). Além disso, um dos estudos longitudinais relata que o L. gasseri (Tipo II) está associado à taxa de eliminação mais rápida da infecção pelo HPV.

Assim, conhecer a microbiota vaginal pode dar suporte ao diagnóstico de diversas condições, bem como acompanhamento de tratamentos medicamentosos, e possibilitar que medidas preventivas sejam adotadas para a manutenção da saúde feminina.


Acesse o post blog BIOfeme: conheça uma nova forma de cuidar da sua saúde íntima e conheça o exame capaz de identificar as bactérias da sua microbiota vaginal.



Fontes:


Chen, Chen et al. “The microbiota continuum along the female reproductive tract and its relation to uterine-related diseases.” Nature communications vol. 8,1 875. 17 Oct. 2017, doi:10.1038/s41467-017-00901-0


Gholiof, Mahsa et al. “The female reproductive tract microbiotas, inflammation, and gynecological conditions.” Frontiers in reproductive health vol. 4 963752. 9 Aug. 2022, doi:10.3389/frph.2022.963752


Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2023: incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022. Disponível em:https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa. Acesso em: 28 fevereiro 2023.


Kyrgiou, Maria, and Anna-Barbara Moscicki. “Vaginal microbiome and cervical cancer.” Seminars in cancer biology vol. 86,Pt 3 (2022): 189-198. doi:10.1016/j.semcancer.2022.03.005


Onderdonk, Andrew B et al. “The Human Microbiome during Bacterial Vaginosis.” Clinical microbiology reviews vol. 29,2 (2016): 223-38. doi:10.1128/CMR.00075-15


Ravel, Jacques et al. “Vaginal microbiome of reproductive-age women.” Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America vol. 108 Suppl 1,Suppl 1 (2011): 4680-7. doi:10.1073/pnas.1002611107


Ventolini, Gary et al. “The Vaginal Microbiome: IV. The Role of Vaginal Microbiome in Reproduction and in Gynecologic Cancers.” Journal of lower genital tract disease vol. 26,1 (2022): 93-98. doi:10.1097/LGT.0000000000000646


Wu, Ming et al. “Disturbances of Vaginal Microbiome Composition in Human Papillomavirus Infection and Cervical Carcinogenesis: A Qualitative Systematic Review.” Frontiers in oncology vol. 12 941741. 12 Jul. 2022, doi:10.3389/fonc.2022.941741

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